domingo, 28 de dezembro de 2008

Retalho 8 - 2008/2009

Passado que está o Natal, aproxima-se a passos largos o final de mais um ano.

É a altura para fazer um balanço do que ao longo dos últimos 365 dias aconteceu, daquilo que fizemos e sobretudo daquilo que ficou por fazer, dos sonhos que conseguimos transformar em realidade e dos que ficaram adiados, do nosso contributo para tornar melhor a vida daqueles que nos rodeiam ou a falta dele, enfim a relação entre o "deve" e o "haver" da nossa vida, assim como o da sociedade onde estamos inseridos.

O ano de 2008, no plano internacional, foi um ano "sui generis", que irá ficar na História como o ano em que se iniciaram grandes transformações na forma de viver das pessoas, como o ano em que finalmente grande parte dos responsáveis mundiais "acordaram" para realidade, que os mais atentos há muito denunciavam e eles teimavam em não ver.

Começou como um qualquer ano "normal", mas logo na sua "infância" se revelou diferente com o inicio da escalada do preço do petróleo, levando proeminentes economistas (eu não percebo nada de economia... mas eles também não!) a prever que até final do ano poderia chegar, catastroficamente, até aos 200 dólares por barril o tornaria insustentável a maior parte das economias dos países.

Na sua "irreverência de adolescente" mostra que algumas das maiores e mais proeminentes figuras da economia financeira mundial, que muitos veneravam e respeitavam, afinal não passavam de reles ladrões sem qualquer tipo de escrúpulos, de princípios, de valores, levando à ruína Países e milhões de pessoas.

Chegado à "idade adulta" revela como as realidades de hoje são relativas e rapidamente se tornam efémeras, o barril de petróleo não só não atingiu os tais 200 dólares, como fecha o ano abaixo dos 40... George W. Bush protagonista de uma das maiores mentiras da História e que levou à morte de milhares de pessoas (a invasão do Iraque) vai deixar, sem honra nem glória, (para alívio de milhões de pessoas) a presidência de uma das maiores potências mundiais agora também a necessitar de ajuda internacional, para tentar equilibrar as suas contas... o Mundo fica mergulhado numa crise de consequências ainda imprevísiveis e finalmente percebe-se globalmente a importância das energias, ditas alternativas.

Cá, neste sítio mais ocidental da Europa, as coisas não foram muito diferentes do resto do Mundo... os combustíveis subiram a uma velocidade vertiginosa e descem em "câmara lenta"... algumas das personagens das revistas "cor de rosa" são os tais ladrões de colarinho branco sem escrúpulos nem vergonha, a quem o poder deixou usufruir de lucros milionários e agora salva nacionalizando os prejuízos que milhões de contribuintes irão pagar... em nome de uma mentira, destruiu-se o sistema de saúde e o ensino público, para benefício de alguns em prejuízo de muitos.

Pessoalmente foi também um ano "sui generis", foi o ano em que abandonei, com alegria e sem qualquer nostalgia, ao contrário do que sempre pensei, a profissão de uma vida e, por força disso, parti à descoberta de novos caminhos quer pessoais quer profissionais.

A tradição manda desejar a todos um Feliz Ano Novo... não o vou fazer!
Apenas formular votos, que ele seja bem diferente deste que agora termina, que se "faça luz" nas cabeças pensantes que nos governam para que exista mais humanismo e menos tecnocracia nas suas decisões, de forma a que os efeitos da crise, provocada por alguns energúmeros, afecte o menor número de pessoas possível... que encerre o menor número de empresas e se perca o menor número de postos de trabalho possível... que as escolas voltem a ser um local de formação e não de confusão... que as pessoas sejam consideradas como Seres Humanos e não como um número (o de contribuinte)... que as crianças voltem a sorrir... SAUDAVELMENTE!!!!

Um abraço e até ao próximo.... RETALHO.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Retalho 7 - Professores e deputados

Um destes dias ao chegar a casa e ligar a tv, vi num dos vários canais, uma daquelas entrevistas típicas em que uma pseudo-figura pública vai a andar com um "batalhão" de jornalistas ao lado, de microfone na mão e a fazer perguntas, às quais o inquirido vai respondendo um pouco a contragosto.
Dizia então o entrevistado que, não tinha podido comparecer a uma reunião plenária do orgão a que pertence uma vez que, na véspera havia participado num jantar de angariação de fundos do Boavista Futebol Clube no Porto, que o mesmo tinha acabado já tarde, madrugada dentro e para percorrer os 320 Kms que separam o Porto de Lisboa de forma a estar presente na referida reunião não poderia dormir, ou dormiria muito pouco, não estando por isso em condições de estar presente.
Ao ouvir tais declarações pensei de imediato.... É "PROFESSOR"!!!!

Sim, porque só essa classe profissional, essa "cambada de malandros" responsáveis por todos os problemas deste sítio, que trabalha pouco mais de uma dúzia de horas por semana auferindo vencimentos chorudos, se pode dar ao luxo de ter tempo livre e dinheiro para participar neste tipo de eventos.

Como têm horário flexível e progridem na carreira até ao topo sem nunca serem avaliados, não necessitam de ter preocupações éticas com valores como a responsabilidade e a assiduidade, podendo ficar a gozar de um retemperador sono, depois de um fausto repasto e sem prejuízo das suas obrigações.

Por tudo isto recordei-me de um colega que tive há anos, pilar de um agregado familiar composto por ele, a esposa, a mãe, o avô e um bebé que vinha a caminho, residente a 520 kms do local de trabalho.

Um bom colega, pessoa de convívio fácil, sempre predisposto a uma brincadeira, a uma laracha e pronto a ajudar quem o necessitasse.

Nas tardes cinzentas de Outono, nas agrestes de Inverno ou nas calmas da Primavera, à sexta feira, por volta das seis e meia, lá se fazia ele à estrada para 8 horas de viagem no seu "confortável" Opel Corsa, (equipado com um sofisticado sistema de ar condicionado, ao tempo que estivesse lá fora), para chegar a casa por volta das 3 ou 4 horas da manhã de sábado.

No domingo, por volta da meia noite quando todos iam dormir, lá se fazia de novo à estrada para mais 8 horas de viagem e outros tantos quilómetros de regresso ao trabalho na segunda feira às 8,30 da amanha, não sem antes tomarmos o pequeno almoço na tascazinha que existia logo ali ao lado.

Não era uma noite sem dormir, nem sequer uma noite mal dormida foi assim durante.... um longo ano!

Era (e espero que ainda continue a ser) o Luís de.... Chaves, "DEPUTADO" de História, na então, Escola Preparatória de Santo André em pleno Litoral Alentejano.

Aiiiiiii... a minha cabeça, será que troquei as Profissões???

Um abraço e até ao próximo.... RETALHO
PS. Se por acaso leres isto Luís.... Um abração tamanho do Mundo.